segunda-feira, 27 de agosto de 2012





felicidade* nenhures perto de Loulé, o silêncio interrompido por conversas e risos. Sem telemóveis, sem computador, sem televisão, sem ligação ao mundo, com um céu despoluído de luz artificial e uma mesa cheia de alegria.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

amor 4* a mente obsessiva compulsiva fez com que desenvolvesse um conjunto de rituais pouco fáceis de aceitar. Lava as mãos durante muito tempo sempre com a água a correr, para não ter que tocar na torneira, depois seca-as com gestos coreografados pela obrigatoriedade auto-imposta, por fim as luvas e já está pronta para recomeçar o ciclo. Não encontra correspondência de amor em ninguém, por isso criou um mundo onde aprisiona tudo dentro de sacos de plástico, cada um com o seu conteúdo injustificado. Ao andar ouve-se um baile de polietileno vindo da sua mala. Sorri da mesma forma que chora, o seu discurso é contínuo e monótono onde vai destacando os seus feitos e sacrifícios. "Sou muito boa pessoa, mas não percebo porque ninguém gosta de mim." Apaixonou-se por si tão nova que não se lembrou de amar mais ninguém.
Este é o caso de amor mais complicado que encontrei e vai ser o mais difícil de ilustrar.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

etic_algarve * onde aprendi muito e onde há uns meses decidi mudar de vida, outra vez!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012





férias grandes* hoje de manhã fui a elefante do circo. O tigre nunca saiu da personagem, nem mesmo quando subiu perigosamente para a instável mesa do terraço quando a sua tratadora se distraiu. A gatinha passou muitas vezes pelo arco, sem se enganar. E a apresentadora estava muito concentrada na organização do espectáculo. Gostei muito deste circo com animais a fingir e a chinelar de um lado para o outro, mas o dever chamou e lá tive que regressar à realidade.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012




pelar* as casas sem gente começam a morrer lentamente, o primeiro sintoma é quando lhes começa a saltar a pele.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

amor 3* os lares são uma espécie de infantário/prisão. As pessoas que lá vivem são adultas, mas não são completamente livres e são tratadas como se fossem crianças idiotas. Uma viúva enamorada que deixa bilhetes apaixonados no quarto do viúvo mais cobiçado é repreendida e acaba por deixar de o fazer. A história espalha-se e ela torna-se mal vista pelas outras "Onde já se viu, que oferecida?". Ele vai agora casar com uma rapariga nova de sessenta e tais, quase setenta, diz-se já que  "é uma espertalhona ansiosa por metade da reforma, quando se tornar viúva". A crueldade para com os sentimentos dos outros persiste com a idade. É uma pena e assim começam os namoros às escondidas pela calada da noite, a fugir das funcionárias e sobretudo da má-língua. Quando algum encontro mais escaldante é descoberto, lá são chamados os filhos, "Porque isto é uma pouca vergonha, já não têm idade para isto!". A risota pouco discreta espalha-se de boca em boca, e aquilo que poderia ser um final de vida melhor transforma-se numa vergonha conhecida por todos.

domingo, 12 de agosto de 2012

ver* é tão subjectivo, não temos termos de comparação. Há uns dias, o namorado de uma amiga, contava-nos como descobriu que tinha a visão do olho direito muito diminuída. Tinha 14 anos e numa ida ao cinema os amigos falaram-lhe de coisas do filme que ele simplesmente não tinha visto, não por distracção, mas porque não as conseguia ver. Há uns anos um casal, de quem gosto muito, estava a passear e ele pediu-lhe que ela tirasse uma fotografia a umas águas furtadas de que tinha gostado muito. Quando foram ver a fotografia descobriram como viam o mundo de forma diferente, na imagem só se conseguia ver uma pequena parte das águas furtadas. A diferença de cerca de 30 cm de altura faz ver as coisas de outra forma.  Nas aulas de laboratório de biologia eram constantes as discussões de dois amigos meus relativamente às cores com que deveriam representar as observações microscópicas realizadas. Anos mais tarde um deles descobriu que era daltónico. Nada disto tem que ver com interpretação, apenas com diferenças físicas e quando a isto se adiciona tudo o resto, as coisas ainda se complicam mais.
Há uns anos, a minha escola recebeu a visita de um representante da Amnistia Internacional. Na sala 100, que já não existe, falou-nos de muitos casos de acusações realizadas tendo por base testemunhas oculares. Por vezes havia uma testemunha que contradizia as outras, mas por estar em minoria não era tida em conta. A diferença estava no posicionamento, no ângulo de visão, na posição da pessoa em relação à iluminação, infelizmente estes factores não eram considerados e houve muitas condenações a prisão perpétua e à morte de pessoas inocentes. Hoje em dia a ciência já ajuda a diminuir estas injustiças, mas os testemunhos continuam a conduzir as investigações e nem sempre no caminho da verdade. Este encontro marcou-me de tal forma, que ainda hoje quando me perguntam o que vi e o que outras pessoas disseram, em determinada situação, tenho muito receio de ser pouco precisa ou de influenciar os outros com interpretações incorrectas. Há tantos factores que nos podem levar em erro, visão limitada, memória, perspectiva, o facto de gostarmos de uma pessoa ou não...
Há umas semanas num exercício em que tive que descrever uma garrafa de água, estava tão concentrada a ser precisa e cuidadosa na escolha das palavras, que me esqueci do óbvio, de dizer o que a garrafa continha.
De madrugada, num lugar com pouca poluição luminosa, estive a observar o céu durante algum tempo e com o passar das horas o mapa cósmico lá ia mudando e finalmente percebi como na antiguidade já se sabia tanto sobre planetas e outros astros, porque as pessoas "viam melhor", observavam mais. Podiam não ter tantos conhecimentos, nem as ferramentas necessárias, mas também não tinham tantos preconceitos.

sábado, 11 de agosto de 2012



lua de Agosto*

quinta-feira, 9 de agosto de 2012


lixo?* cá por casa nos últimos dois anos temos juntado as tampas das embalagens que utilizamos. Hoje estive a organizá-las e fiquei muito satisfeita com algumas das análises que fiz, a grande maioria das embalagens não foram compradas, nem utilizadas por mim e aquelas que o foram são quase todas de uso comum - detergentes de roupa e loiça. Fiquei muito surpreendida com a quantidade de produtos diferentes que são utilizados pela minha flatmate. Quando digo que sou uma pessoa de baixa manutenção, não estou a mentir, mas mesmo assim este exercício ajudou-me a perceber onde posso reduzir o meu consumo.
Vou guardar algumas destas tampas para um trabalho que vou fazer durante o inverno e as outras, vão para a reciclagem.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

domingo, 5 de agosto de 2012


citius, altius, fortius* Im Dong Hyun é o actual campeão olímpico de tiro com arco e por acaso tem apenas 10% de capacidade visual. 

sábado, 4 de agosto de 2012

amor 2* a Dona I. insistiu: "namorem muito minhas queridas, namorem muito, porque só assim é que vão saber escolher!" alguém começou por dizer "Mas..." ao que a senhora prontamente interrompeu "mas nada... não podem é estar sempre com velhos como eu, têm que sair mais e conhecer pessoas diferentes".
Cá está solteiros do mundo, basta sair e conhecer pessoas diferentes et voilá em breve estarão a escolher de entre um pantone variado.
Estou ansiosa pelo próximo encontro, estão prometidos álbuns de fotografias!!!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


olhão*