a queda dum anjo*ontem de noite como final de reflexão peguei no meu pequeno e amarelecido livro e reli algumas passagens. Camilo termina de forma brilhante a sua brilhante comédia.
"Calisto Elói, aquele santo homem lá das serras, o anjo do fragmento paradisíaco do Portugal velho, caiu.
Caiu o anjo, e ficou simplesmente o homem, homem como quase todos os outros, e com mais algumas vantagens que o comum dos homens.
Dinheiro a rodo!
Uma prima que o preza muito!
Dois meninos que se lhe cavalgam no costado!
Saúde de ferro!
E barão!
Conjectura muita gente que ele é desgraçado, apesar da prima, do baronato, dos meninos, do dinheiro e da saúde.
Eu, como já disse, não sei realmente se lá no recesso daqueles arcanos domésticos há borrascas. Na qualidade de anjo, Calisto, sem dúvida, seria mais feliz; mas na qualidade de homem a que o reduziram as paixões, lá se vai concertando menos mal com a sua vida.
Eu, como romancista, lamento que ele não viva muitíssimo apoquentado, para poder tirar a limpo a sã moralidade deste conto.
Fica sendo, portanto, esta coisa uma novela que não há-de levar ao Céu número de almas mais vantajoso que a novela do ano passado."
domingo, 29 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
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