terça-feira, 31 de julho de 2012

amor 1* ontem ouvi a Dona I., com mais de sete décadas de vida. E hoje só penso em como gostaria de estar com ela novamente, como preciso de a ouvir mais e mais. Ontem contou-nos a sua história de amor, que são muitas histórias de amor juntas. Nunca tinha ouvido nada tão verdadeiro e emocionante. Vi a fotografia de uma das personagens principais e a sua voz doce a dizer "o meu marido era um homem muito bonito, não era?".
Era muito, e não o digo só por se parecer com um galã de cinema dos anos 50!

sábado, 28 de julho de 2012




estação* há 15 anos que tenho uma relação amorosa secreta com comboios. Como todas as longas relações, tem fases: começou por ser uma relação semanal, depois mensal, trimestral, durante 5 anos arrefeceu e tornou-se ocasional, há um ano intensificou-se passando a ser diária, agora voltou a haver um afastamento. Ontem tive a sorte de rever um dos meus revisores preferidos e algumas das personagens que "vivem" nas estações.
As estações não são apenas locais de passagem e de espera, são lugares cheios de vida. A estação de Portimão é a sala de estar de 3 senhores que estão ali todos os dias para conversar, passar o tempo e tentar enganar a solidão. Em Faro há o trabalhador por conta própria que pede uma moeda (antes 100 escudos, agora 1 euro, não foi só nos estabelecimentos que se fez esta conversão) porque é o que lhe falta para conseguir pagar um bilhete para Olhão, nestes anos todos posso garantir que nunca o vi entrar num comboio, a estação é o seu ganha vinho. Em Tunes existem os famosos loucos da estação (talvez não tão loucos assim e em Lagos temos os famosos rooms, um dos quais, quando não está com potenciais clientes, me faz uma pequena vénia e diz "como está minha senhora?" para além dele só há mais uma pessoa me trata assim de quem gosto, um antigo revisor e agora um dos funcionários de bilheteira da estação de Lagos, que é das pessoas mais simpáticas que conheço.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

"A noiva" de Joana Vasconcelos
etiquetar* parece que há uma urgência em colocar etiquetas nas pessoas. Basta sair do útero e lá vão sendo definidos os contornos. Nos primeiros tempos há falta de características, então pega-se no visível. Os olhos são da mãe, as orelhas do avô, o nariz do pai e as mãos da tia. Há uns anos, quando um amigo do meu irmão teve a primeira filha, muitas pessoas lhe diziam "Ah tem os teus olhos!", ao que ele respondia prontamente: "Não, não, são dela!"
Há algum tempo, numa conversa sobre comportamento, foi-me contado que num grupo de crianças, uma delas tinha uma tatuagem permanente com o símbolo de bipolaridade. Confesso que por mais que pense nisto, não consigo compreender. Tento colocar-me no lugar dos pais, mas continuo a achar uma decisão demasiado radical e que mais do que proteger vai estigmatizar. O diagnóstico de uma doença faz parte da pessoa e não deve nem pode defini-la, assim como qualquer outra característica.
Há um facilitismo em etiquetar é mulher, é homem, é heterossexual, é homossexual, é branco, é preto, tem défice de atenção, é de um bairro social...
A Joana Vasconcelos é a primeira portuguesa a expor em Versailles, e é também a primeira mulher a fazê-lo. Como é possível? Nunca houve mais nenhuma artista com nível suficiente para fazê-lo? Não quero retirar nenhum valor ao seu trabalho, mas duvido que isso seja possível. Ainda há muitos lugares onde são colocadas etiquetas a dizer "mulher" e isto até nem é o mais grave. Há uns meses li uma notícia que se referia a um estudo realizado nos hospitais dos Estados Unidos. Um estudante ao analisar dados estatísticos hospitalares, verificou que morriam mais mulheres do que homens, de doenças cardíacas nos serviços de emergência. E que esse número ainda era maior quando se tratava de mulheres negras. Realizou depois um estudo para tentar perceber porque razão isso acontecia. Conclusão, os sintomas em muitas mulheres não são os conhecidos: dor no peito, dormência no braço esquerdo - então o diagnóstico falha. A diferença de sintomas pode ser uma novidade para uma pessoa comum, mas não o é para a comunidade médica, no entanto o preconceito continua a fazer com que se comentam erros fatais.
As etiquetas devem estar nas peças de pronto a vestir para sabermos qual o seu preço, onde são fabricadas, qual a sua constituição e como lavar, mas não servem para colocar nas pessoas. Há obviamente maior complexidade numa pessoa do que numa peça de roupa.

terça-feira, 24 de julho de 2012


janelas sem vista* costumo dizer que um dia ainda hei-de viver num T0 com vista para um muro, mas a verdade é que não tenho uma ambição assim tão grande. Os sonhos esses são enormes, nada têm que ver com mudanças de modo de vida, mas com trabalho. Hoje o blogue ultrapassou os 1500 visitantes e quando o iniciei não poderia pensar que em tão pouco tempo atingisse esse número.
Obrigada a todos os que visitam os Manjericos, eles gostam muito!

quinta-feira, 19 de julho de 2012










deambular e decidir* são dois dos meus verbos preferidos. Depois de tomar uma decisão muito importante fui deambular por Silves com a companhia da máquina fotográfica e sob um sol castigador. A liberdade é essencial para decidir e deambular!

quarta-feira, 18 de julho de 2012



auto-retrato*
Declaro que fiz a entrega de um quadro da minha autoria, pintado a óleo sobre tela, representando o meu retrato, como prova de gratidão pelas atenções que me têm sido concedidas pela Biblioteca Municipal de Silves e pelos seus dirigentes. Estou muito sensibilizada com a honra que me dão, integrando-me assim na minha cidade. Em caso de qualquer alteração deste meu dispositivo, e não sendo possível à Biblioteca Municipal aceitá-lo, o quadro seria entregue ao Museu Municipal de Silves ou à Câmara dessa mesma cidade, se assim entenderem. Ou seria entregue à minha família.
Espero fazer-lhes boa companhia e agradeço a honra que me dão de regressar  à minha cidade.
Maria Keil

terça-feira, 17 de julho de 2012







planet café* com a sua planet girl para servir cafés. Pintura em acrílico sobre parede.

domingo, 15 de julho de 2012


el libro que no puede esperar* uma editora argentina Eterna Cadencia, publicou um livro que não pode esperar. Dois meses depois de aberto as letras irão desaparecer. Acho que a mensagem desta criação é muito bonita.
O livro que não pode esperar, enquanto objecto não me interessa, porque depois de lido passará a ser inútil, mas a ideia vai de encontro ao que penso dos livros. O meu objecto preferido é o livro, as livrarias são dos meus lugares preferidos e as bibliotecas são uma das grandes invenções humanas. Detesto ter livros na estante parados, depois de lidos têm que ser emprestados, oferecidos, vendidos. A minha biblioteca pessoal, neste momento resume-se aos livros que esperam para ser lidos, livros que uso para trabalhar e uns poucos que, quando chegar a hora certa, espero dar aos pequenos da minha família.
Os livros não servem para acumular pó e nunca deveriam esperar muito tempo por alguém.

quinta-feira, 12 de julho de 2012



amigos* a Zara e o Mango são amigos há pouco tempo. A Zara é uma senhora calma e paciente e o Mango é um miúdo irrequieto e traquina. Juntos passeiam, brincam, dormem e fazem-se de maus a ladrar a tudo o que é estranho ao seu território.

terça-feira, 10 de julho de 2012







































arte* não sou muito de filosofar sobre o que é arte, já o fiz mas acabei por ouvir muita gente a definir arte como "tudo aquilo que é belo e inútil" e não tive muita paciência para continuar. Os cartazes aqui apresentados são de uma campanha publicitária da Escola de Arte do Museu de Arte de São Paulo. Foram realizados pela agência DDB Brasil, considero-os arte, belos e úteis.

domingo, 8 de julho de 2012








ginástica rítmica*ontem a noite foi passada no pavilhão a assistir ao sarau de ginástica e a acrescentar muitas ideias a umas ilustrações que há muito tempo quero fazer.

sábado, 7 de julho de 2012


north atlantic* curta metragem de Bernardo Nascimento, pode ser visto aqui e está a concurso até dia 13 de Julho. O filme é baseado em factos reais, está muito bem construído, sem pressas, dá tempo para ver, pensar e sentir. Não há excessos e a interpretação de Francisco Tavares é exemplar.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

sonhos* hoje a minha mãe faz 68 anos e está quase, quase a terminar o 12º ano de escolaridade. Há três anos andava a tentar entender-se com o rato do computador e hoje navega na internet, escreve histórias no word, faz gráficos e tabelas no excel e pinta no paint. Já me anda a rondar para saber como funciona o facebook e o skype, para puder conversar com amigos e familiares que estão longe. Os sonhos importantes são para cumprir! Já não vai conseguir ser professora como sonhou em menina, mas a sede por querer aprender mais, sempre mais, ninguém lhe pode tirar. Gostava que alguns miúdos que conheço tivessem metade desta vontade e deste empenho. Há uns dias uma professora dizia-me que tinha perguntado aos seus alunos qual era o seu maior sonho, na maioria reponderam - ser rico ou famoso. E isto é de uma pobreza assustadora. Se aqueles miúdos fossem pobres não me chocaria a resposta, mas crianças e adolescentes que não passam dificuldades dizerem que o seu maior sonho é ser rico, não me parece um grande sonho, antes acho que é pequenino.

quarta-feira, 4 de julho de 2012











cova da zorra* se pudesse era ao pé destes meninos que estaria sempre.

terça-feira, 3 de julho de 2012

















aardman animations* em Maio do ano passado estive quatro dias a trabalhar em Vila do Conde. Nas horas livres tive a oportunidade de conhecer a cidade. Na Galeria Solar vi a exposição - Mundo Aardman, onde estavam esboços, estudos, maquetes, adereços, algumas personagens e cenários utilizados por este estúdio de animação para criar muitas coisas boas, entre as quais as fabulosas personagens de Creatures Comforts. E revi Morph, a famosa personagem de plasticina que, muito provavelmente, foi apresentada a Portugal pelo saudoso Vasco Granja.