sábado, 25 de fevereiro de 2023

semana número 8*

Semana de limpezas profundas na cozinha. A cozinha não é bonita, e tem uma disposição pouco inteligente. Os armários têm duas portas bastante desengonçadas, o chão está em mau estado, o que é natural que aconteça a um piso cerâmico de pouca qualidade e já com quarenta anos.
Apesar de gostar de janelas grandes, tem uma demasiado grande, ainda mais que está virada a poente, tornando a cozinha fria no inverno e uma estufa no verão.
Com uns pequenos arranjos, acho que a consigo tornar um pouco menos triste. E sejamos francos, as cozinhas querem-se limpas e organizadas, não precisam de ser modelos de capa de revista (a tentar auto-convencer-me). Espero daqui a umas semanas mostrar alguma evolução nesta frente de batalha. 

Vi:
On The Basis Of Sex, que mostra parte do trabalho e da vida de Ruth Bader Ginsburg, o filme não é grande coisa, mas a história é.

Wonderstruck, tem coisas giras, imagens bonitas, mas esperava melhor.

What to expect when you're expecting, este já esperava que não fosse grande coisa, mas tinha esperança que me fizesse rir, em vez disso dei por mim a chorar com a quase morte de uma personagem e a perda de outras... revoltou-me a cena da adopção internacional, muito romantizada, e a personagem interpretada por Rodrigo Santoro irritou-me, uma pessoa que não sabe se quer ter filhos, é melhor não ter (ainda), especialmente por adopção. Era suposto ser uma comédia levezita, mas transformei aquilo num filme a debater seriamente.

The Strays, tem coisas muito bem feitas, por exemplo a imagem do bloco de apartamentos e pouco depois o travelling pelo bairro de vivendas. Gostei muito do fim. 

Ao fim de muitos meses terminei de ver a série Seinfeld... não sei se é da idade, se da minha cada vez menor tolerância ao egoísmo, à medida que as temporadas iam passando, mais insuportáveis os achava. Por isso o grande final foi surpreendente, talvez até os próprios argumentistas já não os suportassem.
Não me ri muito, mas há pérolas: o senhor Costanza a gritar o mantra Serenety Now, aliás o casal Costanza foi quem mais me fez rir, pessoas incapazes de ter uma conversa racional. O filho não podia ser diferente do que é. Acho a ideia do Nazi das Sopas excelente. A construção do episódio The Betrayal é muito interessante. Também gostei do Newman como arqui-inimigo do Jerry. Wayne Knight tem uma capacidade de se enrubescer impressionante e gostei das suas expressões, corridinhas e gargalhadas maléficas, parece mesmo um desenho animado.

O saco parece uma obra de santa Engrácia... não percebo a dificuldade que estou a ter em tomar decisões em relação a isto, é só um saco, mas parece que estou a lidar com a coisa mais fundamental do universo.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

semana número 7*

No Domingo fiz um bolo de cenoura, o mais bonito, até agora, que o forno sempre foi um estranho temperamental que tento conquistar com carinho, mas que finge ignorar ou simplesmente não quer saber das minhas tentativas. Era para levar no dia seguinte, para comemorar, para partilhar, para oferecer... Uma receita que me foi dada pela minha amiga D. há uns anos, estava tão bonito.
Mas as alegrias e esperanças foram sufocadas com uma pele cinzenta de morte... a rádio lança-me o verso O que não começa, não acaba, e sei o que tenho que fazer, fingir que esta semana não é diferente das outras, que nunca vai ser diferente, que as mudanças são para quem pode e não para quem quer. (Ai que dramática que sou... por vezes gostava de ter uma veia violenta, que me levasse a atirar a aparelhagem à parede, a ver se continuava a lançar-me versos deste género). Do bolo restam agora as migalhas, não só estava bonito como estava bom.

Li O retorno, de Dulce Maria Cardoso, os pensamentos de um rapaz que sabe que tem que vir para Portugal, mas que sonha com uma América, que acaba de ter que fugir numa situação pior do que a imaginada. Um miúdo preconceituoso, com as pessoas, com as terras, com os géneros, racista, misógino,  homofóbico, egoísta. Um miúdo que perde tudo o que conhecia, e para não andar a sofrer agarrado a esperanças, diz a si próprio que o pai morreu, que nunca mais o vai ver. Traça planos para ir para os Estados Unidos e chama casa a um quarto de hotel, com vista para o mar. Trai a pessoa mais decente que encontrou (ou talvez a pior, fazendo exactamente o que ele queria?). Despreza a irmã por se estar a tentar integrar e teme o que a mãe pode fazer e o que os outros poderão dizer dela, deles.

Remendei meias que estavam a ser negligenciadas já há demasiado tempo, sempre gostei de remendar meias, e gosto de meias remendadas que me vão acompanhar mais uns quilómetros. Ouvi dois episódios de Midsomer Murders enquanto fazia remendos, mas é demasiado mauzito, decidi tentar Father Brown, é melhorzito, entretem o ouvido. Se as séries de mistério britânicas reflectissem a realidade, as taxas de homicídio nos meios rurais seriam assustadoramente altas. A cada chá das cinco mais um vizinho que foi atropelado, esfaqueado, envenenado, empurrado... só nervos de aço é que não fariam as chávenas tremer nos pires. Aparentemente não há nada pior para a saúde do que ter um testamento, e dizer ao advogado que se quer fazer uma alteração ao mesmo...

Ainda há pouco abracei o meu amor pequenino e quando estava a mostrar as cicatrizes tive que desviar o olhar.



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

semana número 6*

Terminei de ler Nação Crioula de José Eduardo Agualusa, gostei, até agora gostei de todos os romances epistolares que li. 

Li A Cor do Hibisco (Purple Hibiscus) de Chimamanda Ngozi Adichie, é daqueles difíceis de pousar e dá pena chegar ao fim. Há muito tempo que queria ler um livro desta autora, só ouvia/lia elogios e é mesmo bom. Lembro-me de há uns anos fazer um comentário negativo sobre as missões religiosas e de alguém me dizer, mas também ajudam muito as pessoas. De facto a par das missões há ajuda médica e construção de escolas, mas isso não deveria existir sem estar ligado a uma religião? A evangelização é mais um dos muitos roubos que África, e não só, sofreu e sofre. 
Uma das palavras mais usadas no livro é PECADO, sempre desconfiei das pessoas que dizem esta palavra, são geralmente pessoas muito preconceituosas e julgadoras. A personagem que vê pecado em quase tudo, parece cego aos seus pecados e submete a família a uma tortura constante.

Terminei três almofadas, que fiz a partir de duas saias da minha avó e mais uns restos de tecido. Quando desmanchei as saias achei tão interessante, a minha avó não cortou os tecidos, usou dobras e costuras, e assim fiquei com uns belos rectângulos para usar. Cresceu num tempo em que tudo tinha que ser aproveitado ao máximo, e assim, mesmo no final da vida fez as saias de forma a que facilmente pudessem ser alargadas ou estreitadas. Os tecidos são excelentes, de um tipo que nunca vi à venda. É uma pena que esta abundância de fabricação seja de qualidade tão inferior.



sábado, 4 de fevereiro de 2023

semana número 5*
(de sexta a sábado)

Jordan Peele é daqueles criativos que parece que em tudo o que toca faz qualquer coisa de especial. No fim-de-semana vi o seu Us, e agora para completar a caderneta só me falta Nope. Lupita Nyong'o... abençoada hora em que decidiu ser actriz. Os miúdos são todos fantásticos: Madison Curry, que interpretou Adelaid em criança, Shahadi Wrigth Joseph, que já é adulta, mas interpretou Zora, uma adolescente, na perfeição e, claro, Evan Alex cuja personagem - Jason, um miúdo ilusionista (essa parte até podia ter sido mais explorada) foi quem topou tudo. Bastava o olhar dele para completar o filme, mas infelizmente seguiu-se a explicação do que já era evidente há não sei quantas cenas, para não dizer, desde o meio do filme. A escolha dos actores é claramente muito cuidada, já em Get Out, Betty Gabriel... uau, a cena no, no, no, nonononononono, NO, é daquelas que deveria passar em todos os cursos de interpretação, se fosse professora diria: ora bem moços, a excelência é isto!
O género de filmes que Peele faz parece uma escolha estranha para um dos criadores de Key and Peele, contudo acho que faz todo o sentido, aconselho vivamente Psycho Clown dessa série, acho uma obra prima, bem como Country Music e Auction Block. 

Ao longo da semana, enquanto costurava, fui ouvindo/vendo a última temporada da série The Crown, personagens reais, eventos reais sobre uma família real, tudo o resto é uma criação. O problema das monarquias é isto mesmo são uma criação, uma coisa irregular que quer regular. É uma série muito bem escrita, com muito bons intérpretes.

No sábado percorri uma parte do Percurso dos Pescadores, acompanhada de dois dos meus amores preferidos. Uma manhã maravilhosa. De tarde vimos Amsterdam, um filme esquisito, cheio de estrelas, tem coisas muito interessantes, mas é daqueles,  de que não sei o que dizer. 

Apesar de ter costurado bastante, ainda nada está terminado, incluindo o saco...