terrível palavra é um non* Não tem direito, nem avesso; por qualquer lado que a tomeis, sempre soa e diz o mesmo. Lede-o do princípio para o fim, ou do fim para o princípio, sempre é non.
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Não há correctivo que o modere, nem arte que o abrande, nem lisonja que o adoce. Por mais que confeiteis um não, sempre amarga; por mais que o enfeiteis, sempre é feio; por mais que o doureis, sempre é feno.
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A mais dura coisa que tem a vida é chegar a pedir, e, depois de chegar a pedir, ouvir um não.
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E se um não é tão duro para quem o ouve, creio eu que não é menor a sua dureza para quem o diz, e tanto mais, quanto mais generoso for o coração e mais soberano o ânimo que o houver de pronunciar.
António Vieira, 1670