Terminei de ler As Toleradas da Póvoa do Varzim (1871-1950) de Celeste da Rocha Coelho e Roberto Linhares de Castro Pires Martins - um estudo sobre a prostituição legalizada na Póvoa do Varzim. As raparigas com 16 anos já podiam matricular-se como prostitutas, a maioria escondia a sua profissão da família. Vinham de concelhos do interior e diziam aos familiares estar a servir em casa de alguém ou a fazer trabalho de costura (de facto a grande maioria das toleradas tinha sido criada de servir ou costureira. Profissões onde as raparigas eram facilmente abusadas pelos patrões ou "namorados" e depois abandonadas e despedidas por terem má conduta). Ao estarem legalizadas uma das suas obrigações era a inspeção sanitária semanal, que pensei ser um pouco mais criteriosa, mas consistia apenas em medir a temperatura, perguntar se estavam menstruadas ou grávidas e verificar se tinham tosse. Sendo que o objectivo era sobretudo prevenir a disseminação de doenças contagiosas sobretudo as venéreas, estas inspeções eram bastante ineficazes, pois só quando já apresentavam sinais de doença bastante visíveis é que eram proibidas de continuar a trabalhar e encaminhadas para o tratamento. Um processo muito triste , injusto e revoltante, pois tinham que pagar a inspeção e ainda eram encarceradas na cadeia até terem vaga no hospital. Uma grande miséria de vidas já miseráveis desde o início. Felizmente alguns médicos eram humanos e na tentativa de ajudar as prostitutas insistiram junto dos legisladores que fossem feitas mudanças e ao longo do tempo foram sendo estabelecidas regras de higiene nos colégios (bordéis) que fizeram com que o número de mulheres infectadas e consequentemente o dos seus clientes, diminuísse. Ao longo destes anos de que trata o estudo, as raparigas e mulheres iam para a Póvoa, sobretudo nos meses de Verão, mas a partir de certa altura algumas foram ficando ao longo de todo o ano. Nos registos quase todas as mulheres que sobreviviam, acabavam por ir viver para outros lugares, algumas conseguiam abandonar a profissão e casar, mas outras desapareciam. Achei estranho que não dessem qualquer justificação para estes desaparecimentos, é certo que os registos poderiam não ser muito rigorosos, mas a verdade é que não seria de estranhar, que tal como hoje, estas mulheres fossem facilmente alvo de homicídio.
Revi uma miscelânea de meias coisas, resultado de zappings impacientes. Até que cheguei a All Creatures Great and Small (Veterinário de Província), uma série fofinha que está a dar na RTP2. Apesar de começar logo com um aviso - 1937... o que significa que o que estamos a ver são os últimos tempos felizes das personagens por quem já sinto carinho. A personagem principal é James Herriot um moço tímido que gosta de animais.
No sábado fui à biblioteca, e de todas as vezes acho que não consigo ir, por algum motivo, mas quero ir, então vou e depois volto toda contente.
Terminei de costurar os blocos de estrelas uns aos outros. Com os restos comecei a experimentar umas coisas.